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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico, Odontológico e da Saúde (FMRP-USP). Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado do curso de Bioética e Biodireito do HCor. Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Vírus VIH chegou aos EUA antes do "paciente zero"

Gaetan Dugas foi acusado de espalhar a doença no país, mas um novo estudo mostra que o vírus chegou uma década antes dele

Afinal, Gaetan Dugas não é o responsável pela propagação do vírus VIH nos Estados Unidos. Batizado como "paciente zero", o comissário de bordo terá sido apenas um entre os milhares de infetados na décadas de 70. Ao contrário do que se pensava, o vírus não passou diretamente de África para os EUA. De acordo com o estudo publicado na revista Nature, primeiro surgiu uma epidemia no Haiti (Caribe) e só depois o VIH chegou a Nova Iorque. E antes de Gaetan Dugas.

Uma nova técnica permitiu que fossem estudadas amostras de material genético com mais de 40 anos. Richard McKay, investigador do departamento de História e Filosofia da Ciência da Universidade de Cambridge, e Michael Worobey, especialista em Evolução de Vírus e diretor do departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade do Arizona, estudaram mais de duas mil amostras de sangue recolhidas em Nova Iorque e São Francisco, em 1978 e 1979, tendo chegado a oito códigos genéticos do vírus. Com isto, conta a BBC, foi possível estabelecer uma árvore genealógica do VIH e descobrir quando chegou à América do Norte.

No âmbito do mesmo estudo, os cientistas também avaliaram o código genético do vírus recolhido do sangue de Gaetan Dugas, que morreu em 1984 devido à doença, concluindo que o assistente de bordo não foi o responsável pela epidemia nos Estados Unidos. O vírus da imunodeficiência humana chegou ao país muito antes de Dugas. Surgiu em África, na primeira metade do século XX e, em 1967, já estaria na região do Caribe, mais precisamente no Haiti. Segundo o El Mundo, terá chegado a Nova Iorque em 1971. Daí estendeu-se para São Francisco e outros lugares da Califórnia. Mas só viria a ser identificado em 1981, quando começaram a aparecer os primeiros sinais da infeção.

Michael Worobey conta que, na cidade, "o vírus encontrou uma população que era como lenha seca, o que fez que a epidemia se espalhasse muito rápido, infetando uma grande quantidade de pessoas". E isso chamou, pela primeira vez, a atenção do mundo para o vírus. Passou depois para a Europa Ocidental, Austrália, Japão, América Latina.

Durante anos, o canadiano Gaetan Dugas foi acusado de ter propagado o vírus nos Estados Unidos. E, diz a BBC, tudo por causa de um mal-entendido. Os pacientes de fora da Califórnia infetados com o VIH eram identificados pelo Centro de Controlo de Doenças dos EUA com a letra O, de "out of Califórnia". Contudo, diz a mesma fonte, a letra acabou por ser confundida com um zero, motivo pelo qual Gaetan ficou conhecido como "paciente zero".

Richard McKay recorda que o homem foi "um dos pacientes mais demonizados da história e um dos muitos indivíduos e grupos apontados como responsáveis por espalhar a epidemia intencionalmente". No decorrer do estudo feito pelo Centro de Controlo de Doenças dos EUA, o assistente de bordo assumiu ter tido relações sexuais com 2500 homens. A tese de que seria o "pai" do vírus da sida nos Estados Unidos viria a ser reforçada pelo jornalista Randy Shilts, que escreveu um livro (E a Vida Continua), retratando-o como uma pessoa promiscua.

Segundo os dados da OMS, existem 36,7 milhões de pessoas infetadas com VIH em todo o mundo. Em Portugal, os dados mais recentes indicam menos de 45 mil infetados.

Fonte: DN.pt