Minha foto
Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico, Odontológico e da Saúde (FMRP-USP). Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado do curso de Bioética e Biodireito do HCor. Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Bariátrica é indicada para controlar diabetes tipo 2; CFM ainda não aprovou

Pesquisas recentes mostram que a cirurgia bariátrica pode trazer muito mais benefícios à saúde do que a perda de peso. Ela pode ajudar no controle do diabetes tipo 2, a forma mais comum de diabetes que atinge 13 milhões de pessoas só no Brasil.

O benefício foi observado em pacientes obesos que depois de operados, além de terem perdido muitos quilos, tiveram o diabetes tipo 2 controlado e suas complicações amenizadas.

Estudos posteriores observaram que a melhora ocorria também em diabéticos do tipo 2 com grau menor de obesidade e que não conseguiam controlar a doença somente com medicamentos.
Cirurgia para obesidade leve

Com isso, a cirurgia então indicada para diabéticos com obesidade moderada ou grave passou também a ser indicada para pacientes com diabetes tipo 2 e obesidade leve, com IMC de 30 a 34,9, a partir de uma diretriz da Federação Internacional de Diabetes.

No ano passado, ao menos 45 entidades internacionais que estudam tratamentos para o diabetes assinaram um documento que indica a cirurgia para diabéticos do tipo 2 com obesidade leve. A indicação, no entanto, deve ser considerada somente para os casos nos quais a doença realmente não foi controlada com remédios e o paciente corre risco de vida.

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica e a Sociedade Brasileira de Diabetes assinaram a diretriz. Mas dizem ainda esbarrar na falta de aprovação do Conselho Federal de Medicina, que precisaria reformular uma resolução já existente sobre as regras das cirurgias bariátricas no país.

A resolução 2.131, de 2015 --uma alteração da resolução de 2010--, recomenda a adoção da cirurgia bariátrica em pacientes com diabetes tipo 2 com obesidade mórbida. Questionado pelo UOL sobre a possibilidade de mudança a partir da diretriz mundial, a assessoria do CFM diz ainda estudar a viabilidade.

O cálculo do IMC (índice de massa corpórea) é feito dividindo o peso (em quilogramas) pela altura (em metros) ao quadrado.
Quando os remédios não resolvem

Para o endocrinologista Luiz Trunatti, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, a discussão ainda é recente no Brasil, mas a base científica existente já mostra que a cirurgia pode ser indicada para esses pacientes.

"Essa diretriz surgiu como uma alternativa para pacientes que não estavam controlando a doença nem com medicamentos. Precisávamos fazer alguma coisa por eles. Então começou-se a estudar e viu-se que os benefícios que ocorriam nos mais obesos também eram observados nos não tão obesos. Essa diretriz não veio do dia para a noite", afirma.

Segundo Trunatti, os estudos mostram que a cirurgia do tipo bypass gástrico "melhora o controle do diabetes, a função renal, o controle da pressão, além de auxiliar a perda de peso".

A diretriz é reflexo de uma nova tendência na cirurgia bariátrica, a de que ela não é somente eficaz na diminuição do peso, mas na melhoria da saúde.
Muito além do peso

Um obeso que se submete à cirurgia bariátrica tende a melhorar outras comorbidades causadas pelo excesso de peso, segundo o endocrinologista Ricardo Cohen, presidente do Conselho Consultivo e Fiscal da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.

"Várias sociedades do mundo resolveram fazer novos critérios para cirurgia bariátrica baseados na gravidade do paciente e não só mais no peso e na altura. Por isso está tudo sendo mudado. Temos um pedido de mudança no CFM e uma publicação dessas sociedades que endossa", afirma Cohen.

Para o endocrinologista, está cada dia mais claro que a cirurgia bariátrica combate as comorbidades típicas da obesidade, entre elas o diabetes tipo 2.

"O objetivo da cirurgia metabólica não é só a perda de peso, porque quem tem muito peso perde também a apneia do sono e controla várias doenças como o diabetes tipo 2, por exemplo. Nesses pacientes a perda de peso é secundária e outros mecanismos da cirurgia atuam na redução da resistência à insulina e aumento do metabolismo da glicose pelas células, o que resultado no controle do diabetes tipo 2 e no equilíbrio metabólico como um todo", afirma.
Entenda a doença

O diabetes tipo 2 surge quando o organismo não consegue usar a insulina que produz de forma adequada, ou produz insulina insuficiente para controlar a glicemia.

O diabetes tipo 2 se manifesta com frequência na idade adulta por uma junção de predisposição genética, sedentarismo, obesidade e má alimentação. Cerca de 90% das pessoas que tem diabetes no país têm o tipo 2, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes.

No diabetes tipo 1, pouca ou nenhuma insulina é liberada pelo corpo e a glicose fica no sangue em vez de ser usada como energia. Para controlar a glicemia no sangue, é necessária a reposição de insulina e planejamento alimentar. Nestes casos, a cirurgia bariátrica não funciona para controlar a doença. A glicemia normal em jejum não deverá ultrapassar os 100 mg/dL e duas horas após uma refeição, a glicemia não deverá ultrapassar 140 mg/dL. O diabetes não tem cura, mas pode ser controlado.

Algumas pessoas conseguem controlar o diabetes tipo 2 com insulina, remédios e exercícios físicos aliados a reeducação alimentar. Já outras apresentam maior resistência e podem ter problemas nos rins, no coração, na circulação (que se não tratadas causam amputações) e até cegueira.

Fonte: UOL