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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico, Odontológico e da Saúde (FMRP-USP). Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado do curso de Bioética e Biodireito do HCor. Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Erro médico, trabalho e suor: trilha de Teresinha ao pódio vai além dos 100m

Corredora brasileira ganha bronze cinco anos após conhecer esporte paralímpico

O caminho até a medalha de bronze foi muito mais longo do que os 100m percorridos no Engenhão. Até conhecer o esporte paralímpico e descobrir o talento nas pistas, Teresinha de Jesus precisou se virar para sobreviver. Com uma amputação no braço esquerdo devido a um erro médico grosseiro na infância, a brasileira vendeu frutas, trabalhou como empregada doméstica, em uma papelaria e entregando marmitas. Encarou todos os desafios possíveis e hoje, aos 35 anos, sorri com a satisfação de quem alcançou o ápice fazendo o que ama.

Teresinha ficou em terceiro lugar na final dos 100m na classe T47, para atletas com amputação ou lesão semelhante nos membros superiores, com o tempo de 12s79. Era a segunda mais velha no balizamento, perdendo neste quesito apenas para a compatriota Sheila Finder, que cruzaria em sexto lugar. Apesar da idade, tem pouquíssimo tempo no paradesporto.

Natural de Caxias, no Maranhão, Teresinha só teve o primeiro contato com o atletismo em 2011, em Londrina, onde mora atualmente. A evolução foi muito rápida. Disputou uma etapa regional, depois uma do Brasileiro, e quanto se deu conta já estava representando o Brasil no Mundial e no Parapan. Neste domingo, brilhou na pista azul em sua estreia em Paralimpíadas – ela ainda correrá os 200m e os 400m.

- Sempre me perguntava por que só fui conhecer o esporte com 32 anos. Acredito que Deus sabe o que faz. Esse era o momento certo. Se eu tivesse conhecido antes talvez não teria o mesmo desenvolvimento. Quando a gente entra na pista para correr nunca sabe o que pode acontecer. Hoje (domingo) realmente, fiquei bastante nervosa. Passei a linha e não vi a colocação. Quando vi meu nome, realmente foi uma emoção única. As pernas falharam, me joguei no chão. Foi emoção pura.

A lesão de Teresinha teve origem com um erro médico grosseiro. Ela tinha oito anos e brincava com as primas quando sofreu um acidente. Ao pular uma cerca, escorregou e caiu com o braço para trás, sofrendo fratura exposta. A mãe a levou ao hospital, mas o tratamento recebido foi mal feito e gerou a consequência drástica.

- O médico fez um procedimento errado. Com três dias estava gangrenado, infeccionado e teve que amputar. Ele falou para minha mãe: ou você permite que ela morra ou que fique sem braço. Essa foi a escolha da minha mãe e provavelmente por isso estou aqui hoje.

Teresinha deixou o interior do Maranhão rumo à capital São Luis aos 13 anos de idade, mas a vida não ficou mais fácil por isso. Mesmo nova precisava trabalhar para ajudar a família, e a limitação física fechava também algumas portas no mercado de trabalho. Assim, precisava aproveitar as chances que surgiam.

- Já fui babá, entregadora de marmita, trabalhei em casa de família, em restaurante entregando marmita, já trabalhei em papelaria, fui vendedora... Vendia banana quando criança, vendi tomate... – enumera.

Se o passado é cheio de lembranças de esforço e suor, Teresinha hoje tem motivos de sobra para sorrir. No campo pessoal, viveu a felicidade de reencontrar o pai. E neste domingo conquistou a sonhada medalha. É um conjunto de alegrias que a deixam sem medo de novos desafios na pista.

- Hoje estou muito feliz. Esse ano reencontrei meu pai, fazia 30 anos que não o via, não sabia se estava vivo ou morto. Foi um ano de realizações na minha vida. Se deus permitir estarei em Tóquio.

Fonte: Globo.com