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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico, Odontológico e da Saúde (FMRP-USP). Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado do curso de Bioética e Biodireito do HCor. Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

domingo, 18 de outubro de 2015

Primeiro bundle de intervenções para Hemorragia Obstétrica é publicado

*Por Lucas Santos Zambon

Pacote de intervenções em casos de hemorragia obstétrica pode evitar morte materna

Foi publicado o primeiro pacote de intervenções completamente focado na área de obstetrícia. Trata-se do bundle para Hemorragia Obstétrica, uma iniciativa que nasceu nos EUA e foi criada pelo Council on Patient Safety in Women´s Health Care. Esta organização reúne diversas associações médicas norte-americanas com interface nos cuidados para gestantes (como o American College of Obstetricians and Gynecologists, a Society for Maternal-Fetal Medicine, a American Society of Anesthesiologists e a American Academy of Family Physicians).

A escolha foi baseada no fato de que a hemorragia obstétrica é, entre as complicações graves em obstetrícia, a mais comum no pós-parto (ocorre em 1 a 5 % dos partos), e está entre as três maiores causas de mortalidade materna, sendo considerada a mais evitável. Sendo assim, é altamente recomendável seguir o que está pontuado neste bundle para tentar minimizar eventos adversos nessas ocorrências.

Apenas para pontuar, um consenso internacional de especialistas de 2014 definiu hemorragia pós-parto como sendo um “sangramento ativo maior que 1.000mL nas 24h subsequentes ao parto, e que não cessa com as medidas iniciais que incluem agentes uterotônicos e massagem uterina”.

O bundle proposto de intervenções para hemorragia obstétrica foi descrito com 13 itens divididos em quatro grupos: prontidão; reconhecimento e prevenção; resposta; e relatórios e sistema de aprendizado. Estes itens estão descritos a seguir.

A. Prontidão (nas unidades)
Ter um carrinho para atendimento de hemorragia com suprimentos, checklists, e cartões de instrução para uso de balões intrauterinos e compressas;
Criar acesso imediato a medicações para controle da hemorragia;
Ter um time de resposta a um evento, envolvendo, por exemplo, o banco de sangue, uma equipe cirúrgica de ginecologia, serviços de apoio, etc.;
Estabelecer protocolos de transfusão maciça e de emergência com uso de sangue do tipo O negativo ou sangue não compatível;
Treinamento do protocolo para as unidades envolvidas;

B. Reconhecimento e prevenção (nas pacientes)
Ter rotina de avaliação do risco de hemorragia no pré-natal, na admissão e em outros momentos oportunos;
Ter rotina de mensuração da perda de sangue acumulada da forma mais quantitativa possível;
Ter um protocolo para manejo da terceira fase do parto;

C. Resposta (à hemorragia)
Ter um plano de manejo para a hemorragia obstétrica emergencial padronizado e com checklists;
Ter programas de suporte ao paciente, familiares e para a equipe em toda hemorragia significativa;

D. Relatórios e sistema de aprendizado (nas unidades)
Estabelecer uma cultura de reuniões para discussão pós-eventos para identificar os sucessos e as oportunidades de melhoria;
Ter uma avaliação multidisciplinar das hemorragias graves para tentar melhorar o sistema;
Monitorar indicadores de processo e resultado em comissões que abordem a melhoria da qualidade da assistência perinatal.

Referência
Main EK, Goffman D, Scavone BM, Low LK, Bingham D, et al. National Partnership for Maternal Safety: Consensus Bundle on Obstetric Hemorrhage. Anesth Analg. 2015 Jul;121(1):142-8.

Fonte: IBSP (Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente)