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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico, Odontológico e da Saúde (FMRP-USP). Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado do curso de Bioética e Biodireito do HCor. Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Pesquisa revela que 25% das gestantes sofrem agressões obstétricas

Em 2012, dossiê da Rede Parto do Princípio levou o tema ao Senado

No nascimento das duas filhas, Fernanda Gomes Ribeiro recebeu intervenções que não pediu. Ela guarda a sensação de desconforto como principal lembrança e a repressão do médico e enfermeiras: “Para de gritar! Você vai assustar as outras mulheres que vão fazer cesáreas”, disse uma delas.

Daiane Parreira, por sua vez, guarda a sensação de impotência no segundo parto. “Eu me senti incapaz antes, durante e depois”.

Uma pesquisa da Fundação Perseu Abramo revelou, em 2010, que 25% das mulheres já sofreram algum tipo de violência no parto. Em 2012, dossiê da Rede Parto do Princípio levou o tema ao Senado.

Ainda que o Brasil não tenha leis específicas para esse tipo de violência, os direitos da mulher são protegidos pela Constituição. Órgãos públicos e privados incentivam a denúncia.

O ginecologista Caio Antônio de Campos Prado explica que a violência obstétrica caracteriza-se por “qualquer tipo de agressão, seja física, emocional ou verbal, praticada por algum integrante da equipe de assistência à gestante”.

Ele enfatiza que dentro da equipe estão inclusos todos os profissionais que auxiliam a mulher antes, durante e após o parto, do porteiro ao obstetra.

A violência pode ser sutil ou gritante. “Vai desde comentários maldosos até a prática de procedimentos com os quais a gestante não concorda”, diz Prado.

Daiane passou os nove meses da segunda gestação desejando que Sofia nascesse de parto normal, como a primeira. Trocou de médico três vezes em busca de um profissional que aceitasse a sua vontade. A médica, inicialmente, pareceu concordar.

Quando Sofia já dava os primeiros sinais de que viria ao mundo, o aviso inesperado. “Ela já estava encaixada e eu já estava com dilatação. Era só esperar, mas a médica me chamou no consultório e pediu um ultrassom”. No exame, foi constatado que a bebê estava com o cordão umbilical enrolado no pescoço. “Ela me dizia que se eu não fizesse a cesárea minha filha ia morrer asfixiada. Eu fui para o centro cirúrgico me sentindo obrigada”.

Após o parto, Daiane se informou. “Não há contraindicação. É mais uma falácia obstétrica”, orienta a ginecologista Flávia Mendonça. Saber a verdade fez o parto ainda mais doloroso. “Meu emocional doeu mais que o físico”, diz Daiane.

Caio orienta que o pré-natal é a melhor proteção. “É preciso conhecer e conversar muito com o médico. No parto, a mulher deve se preocupar com o nascimento. Não com os procedimentos que vão ser feitos”.

SUS busca se adequar

Fernanda precisou brigar para ter seu direito ao parto normal sem intervenções respeitado pelo convênio médico. Em meio às dores das contrações, ouviu do médico mais de uma vez. “Eu te falei que não era fácil, que doía”. As duas filhas, Emanuele e Emili, nasceram de parto normal.

No parto da primeira, porém, Fernanda recebeu anestesia sem que quisesse e corte na região pélvica. Nos dois partos as bebês foram levadas da mãe na primeira hora de vida.

No segundo, melhor informada, ela bateu o pé. Falou para o médico que queria o parto mais natural possível. Ele, então, foi embora do hospital, dizendo que o procedimento iria “demorar para evoluir”. Ela conta que menos de uma hora depois, precisou ser atendida por um médico plantonista, na correria por um centro cirúrgico.

A Mater, principal maternidade pública de Ribeirão, está buscando se adequar à humanização sugerida pelo Ministério da Saúde.

O diretor técnico da maternidade, Caio Prado, diz que as salas de pré-parto contam com banquetas e bolas, que auxiliam no trabalho de parto e, na maior parte do tempo, o contato imediato entre mãe e recém-nascido é respeitado.

“A gente esbarra no volume. Se tem muitos bebês nascendo ao mesmo tempo, não é possível”. Ele explica que a maternidade está passando por reformas que devem terminar em 2015. A ideia é que as mulheres contem até mesmo com banheiras para o parto na água e alívio das contrações.

O Hospital da Criança, que deverá ser inaugurado este ano, planeja centro obstétrico humanizado. A maternidade Cidinha Bonini atenderá o SUS.

Fonte: Daniela Penha - A Cidade (Ribeirão)