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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico, Odontológico e da Saúde (FMRP-USP). Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado do curso de Bioética e Biodireito do HCor. Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Pilotos ensinam médicos a evitar erros

Métodos foram criados para reduzir o número de desastres aéreos

Em uma iniciativa ainda incipiente no Brasil mas comum no exterior, pilotos de avião (e um comissário de bordo) vão treinar profissionais de saúde para ajudá-los a diminuir a possibilidade de erro humano em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva).

Uma sessão de treinamento desse tipo acontece em dezembro com 20 médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e outros profissionais no Hospital Brasil, em Santo André, da Rede D`Or São Luiz.

Coordenado pela Amib (Associação de Medicina Intensiva Brasileira) em parceria com a Gol, o programa prevê que os intensivistas aprendam conceitos de CRM (sigla em inglês para Gerenciamento de Recursos da Tripulação), convertido em padrão na indústria de aviação.

Não é a única experiência: há duas semanas, profissionais do hospital Albert Einstein foram treinados por um piloto da portuguesa TAP. A intenção é usar o conteúdo da aula em UTIs e cirurgias.

O CRM foi concebido pela Nasa no final dos anos 1970, para evitar os erros humanos que, constatou-se, estavam por trás da maior parte dos acidentes aéreos na época.

Desde então, o CRM vem sendo aperfeiçoado e é reconhecido como determinante para melhorar a segurança na aviação comercial nas últimas três décadas.

Ele ensina, por exemplo, a reconhecer as limitações humanas e a ser assertivo ao comunicar problemas.

Outro processo hoje comum em hospitais foi inspirado na aviação: em 2009, a Organização Mundial da Saúde recomendou a adoção de um ``checklist`` antes das cirurgias, que inclui perguntar o nome do paciente e qual órgão será operado.

Tal qual na aviação, diz o intensivista Haggéas da Silveira Fernandes, coordenador do projeto pela Amib, o ambiente da UTI pode levar profissionais de saúde a cometer erros que, se identificados em situações de treinamento, podem ser evitados.

Ele cita um estudo que se tornou referência (``Errar é Humano``), elaborado em 1999 pelo Instituto de Medicina dos EUA, que estimou em 98 mil por ano as mortes nos hospitais americanos por erros médicos evitáveis.

``É uma ferramenta que trabalha a competência não técnica do profissional --e uma bela oportunidade de melhorar a qualidade de atendimento ao paciente.``

DISTÂNCIA DE PODER

O CRM atua, por exemplo, na relação entre médicos e enfermeiros. Mesmo quem está subordinado na hierarquia tem que se sentir encorajado a apontar ações que causem erros do seu superior.

No cockpit de um avião, essa relação é conhecida como ``distância de poder`` --quanto maior ela for, pior.

``Como os profissionais de UTI --e da aviação-- lidam com processos complexos e são especialistas, tendem a se sentir invulneráveis. O treinamento conscientiza de que somos falíveis``, diz Sérgio Quito, diretor de segurança operacional da Gol.

Fernandes chegou até o CRM ao pesquisar a sua aplicação em unidades de saúde no exterior --a adaptação para o ambiente hospitalar já ocorre há alguns anos nos EUA e na Europa.

Decidiu, então, escrever para o presidente da Gol, Paulo Kakinoff --e a empresa cedeu seu estafe de segurança operacional para realizar o treinamento.

O projeto foi apresentado ontem no Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva da Amib, no Rio. A partir do primeiro curso em Santo André, a entidade quer replicar a iniciativa em outros hospitais.

Fonte: RICARDO GALLO - Folha de S.Paulo