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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico, Odontológico e da Saúde (FMRP-USP). Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado do curso de Bioética e Biodireito do HCor. Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Pacientes cruzam o país atrás de tratamento em hospitais de excelência no interior de SP

São Paulo Fora do eixo de grandes centros de saúde das capitais, hospitais de referência da rede SUS (Sistema Único de Saúde), no interior do estado de São Paulo, destacam-se como polos de atração de pacientes vindos de todos os cantos do país. Essas pessoas viajam em busca de tratamentos médicos para doenças como câncer, deficiências auditivas e fissuras no lábio e no palato - céu da boca.

O trabalhador rural Raimundo Soares de Sousa, 63 anos, por exemplo, há dez anos percorre mais de 3 mil quilômetros para tratar uma leucemia. Ele viaja de Fortaleza (CE), onde vive, até Jaú, cidade localizada a 320 quilômetros de São Paulo. O município tem a mais antiga entidade filantrópica de assistência à saúde do país, o Hospital Amaral Carvalho. Em 2015, completamos 100 anos, disse Antonio Luís Cesarino, diretor superintendente do hospital.

Especializada em oncologia, a instituição tem como diferencial o grande volume de cirurgias em média, são realizadas 80 por dia e transplantes de medula óssea. Por ano, são feitos 220 transplantes desse tipo, uma intervenção complexa. De acordo com Cesarino, 70% desses transplantes são alogênicos, ou seja, feitos com células progenitoras de alguém sem parentesco. Este procedimento é ainda mais complexo, explicou.

A entidade responde por 40% dos transplantes de medula óssea feitos no estado e por 23% dos que são realizados em todo o país. Por ano, são tratados 80 mil pacientes de todas as idades, nos 300 leitos, atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O hospital oferece, além disso, casas de apoio, que hospedam gratuitamente seus pacientes e ainda fornecem alimentação. Segundo o diretor, a iniciativa reduziu a zero a taxa de abandono do tratamento, um grande problema enfrentado pelos outros hospitais do estado, onde essa média está em torno de 16%.

Uma das piores coisas que acontecem no câncer é o abandono do tratamento, às vezes, por falta de condições [financeiras] do paciente. Então, você imagina o paciente em tratamento ambulatorial no hospital, que vem de longe, e não precisa ficar internado, mas precisa comparecer ao ambulatório durante 15 ou 20 dias. Não são todos que podem pagar, na melhor das hipóteses, de R$ 50 a R$ 60 por dia em pensão, além da alimentação, disse o superintendente.

Um desses beneficiados é o seu Raimundo. Para o tratamento da leucemia, ele passa por atendimento a cada três meses no hospital de Jaú. Lá, ele recebe hospedagem nas casas de apoio, além de cinco refeições diariamente. Tenho atendimento de pessoas especializadas, eu só tenho a agradecer a maneira como me tratam e a delicadeza de todos, disse ele.

A 50 quilômetros de Jaú, no município paulista de Bauru, um hospital universitário de referência internacional, o Centrinho-USP (Universidade de São Paulo), faz tratamento de fissuras no lábio e no palato, além de corrigir síndromes relacionadas e de deficiências auditiva e visual.

Regina Célia Bortoleto Amantini, superintendente do hospital, explica que pacientes com fissuras labiopalatinas, o chamado lábio leporino, já nascem com essa anomalia. Segundo ela, o problema, que atinge um em cada 650 habitantes, deve ter o tratamento iniciado no recém-nascido, com apenas 3 meses de idade. Devido a essa alteração, são feitos vários procedimentos cirúrgicos, às vezes, até 20 cirurgias, depende de cada caso, disse ela.

João Pedro Lira Ribeiro, de 17 anos, fez o procedimento cirúrgico de correção aos 4 meses de idade. No entanto, segundo ele, a cirurgia realizada na sua cidade, Manaus (AM), não foi bem-sucedida. Com 12 anos de idade, recorreu ao Centrinho, para onde viaja a cada dois meses. Após mais de dez cirurgias, o estudante de cinema faz agora apenas o tratamento dentário e já tem data programada para a última cirurgia, prevista para 2021.

O hospital é um grande modelo a ser seguido. Era importante que houvesse projetos em outros estados, que fizessem mais parcerias com universidades federais, principalmente no meu estado, o Amazonas. O Norte é uma parte deficiente do Brasil, que precisa muito de investimento nessa área, disse João. Tem muita gente que não vem para ca [Bauru] por medo, por não querer sair do estado, por ser longe. Não vem para ca porque é outro mundo, acho que seria importante a expansão dessa rede, acrescentou.

No Centrinho, os pacientes não fazem apenas as cirurgias de correção, recebem acompanhamento com equipes de dentistas, fonoaudiólogos, nutricionistas, enfermeiros, psicólogos, pediatras, geneticistas, fisiologistas, otorrinolaringologistas, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. São atendidas, em média, 289 pessoas por dia, vindas de quase 4 mil cidades diferentes do país.

Na área auditiva, o hospital, que existe há 46 anos, demonstra sua capacidade para a inovação. No ano passado, o Centrinho fez uma cirurgia inédita no país. Um paciente de 18 anos, com orelha malformada, recebeu uma prótese cirurgicamente implantável de orelha média e nos dois ouvidos. Segundo Regina, desde então o hospital tornou-se o único do país a realizar o procedimento gratuitamente. Não tem em nenhum lugar no SUS, tanto que o aparelho não é pago pela tabela do SUS. As próteses foram adquiridas por meio de órgão de fomento, explicou ela.

Fonte: Agência Brasil