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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico, Odontológico e da Saúde (FMRP-USP). Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado do curso de Bioética e Biodireito do HCor. Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Mulher tem grampo no abdome

Tomografia confirma a existência de objeto metálico na pélvis de uma paciente que foi submetida, em maio, a cirurgia para retirar a vesícula

Há meses, a servente Adriana Martiniana Dias Vieira, 44 anos, sente fortes dores na barriga. Até então, ela imaginava se tratar de episódios normais do pós-operatório, pois, em maio, ela passou por cirurgia para a retirada da vesícula, após dois anos de espera para ser chamada na rede pública. Depois de idas e vindas a postos de saúde, hospitais e ambulatórios, sem qualquer resposta sobre o problema, Adriana foi submetida a dois exames de raios X. Em ambos os laudos, foi verificada a existência de um objeto metálico na região pélvica da mulher. Tanto ela quanto os médicos que realizaram os procedimentos acreditam que o corpo estranho tenha ficado na barriga dela após a intervenção.

Adriana calcula ter procurado três vezes o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) para averiguar o fato. “Eu disse que estava sentindo dor, mas me falaram que era normal, em função da cirurgia”, conta a servente. “Mas sinto dor até hoje. Tentei prolongar meu atestado para continuar a licença. Procurei um pronto-socorro e o médico negou o documento. Disse que, em alguns casos, a pessoa ficava boa depois de dois dias. Então, voltei a trabalhar, mas não fiquei bem”, conclui. Ela diz ter passado mal seguidas vezes no serviço e que precisou tomar, inclusive, injeção na veia.

No último dia 8, por não resistir a outro ataque de dor, Adriana buscou um posto de saúde próximo à casa dela, na Vila Planalto. Em seguida, foi solicitado que ela fizesse uma radiografia, exame que constatou a existência do objeto metálico. O laudo foi analisado por médicos do trabalho de Adriana, que solicitaram novos exames. “Estava lá e foi um susto quando eu descobri. Fiquei apavorada. Aliás, ainda estou. Me disseram que eu poderia ter engolido, mas como não sentiria? Falaram para eu esperar e ver se ele saía sozinho, mas não saiu. Eu não nasci com isso. Esqueceram em mim”, reforça.

Tomografia

Ontem, o Correio acompanhou Adriana durante a realização de mais um exame. Ela foi submetida a uma tomografia. Após quatro horas de espera, o laudo foi conclusivo ao ratificar a existência do corpo estranho. No papel, estava escrito: “Observamos pequeno clipe metálico no fundo-de-saco posterior em íntima relação com a parede do reto e a posterior do corpo uterino”. A servente diz ter medo de ser submetida a nova cirurgia. “Não quero passar por tudo de novo. Mas acho um absurdo. Eles têm que fazer alguma coisa”, sugere.

A reportagem procurou a assessoria de imprensa do Hran, onde Adriana fez a cirurgia, mas foi informada de que apenas a Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF) responderia pelo episódio. Em nota oficial, a pasta informou não ter ciência do fato e salientou que a paciente precisaria fazer denúncia formal na Ouvidoria do referido hospital para que as providências cabíveis fossem tomadas.
Por volta das 18h20 de ontem, Adriana foi atendida no Hran, mas voltou para casa desapontada. “O médico me disse que esse tipo de coisa é normal. Falou que algumas pessoas podem ficar com vários grampos desse na barriga para o resto da vida”, conta. “Mesmo assim, vou procurar a opinião de outro profissional. Eu não acho que isso seja normal”, afirma.

Fonte: Correio Braziliense / MARIANA LABOISSIÈRE