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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico, Odontológico e da Saúde (FMRP-USP). Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado do curso de Bioética e Biodireito do HCor. Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Anestesista japonês pode ser cientista com mais fraudes

Para comitê, pesquisador tem 172 artigos com fraudes; ele criava dados, coautores e pacientes

Yoshitaka Fujii, um anestesista japonês, pode se tornar o recordista mundial em publicar estudos científicos que nunca ocorreram.

O doutor da falsificação teve 172 artigos científicos fabricados nos últimos 19 anos. Isso é mais do que o dobro do atual recordista, o alemão Joachim Boldt, outro anestesista, com 90 fraudes. De mais de dois mil artigos retratados nas últimas quatro décadas, 13% foram de anestesistas.

A Sociedade Japonesa de Anestesiologia constatou inicialmente que Fujii não tinha aval do comitê de ética da sua universidade, o que o impediria de fazer pesquisas com humanos. No entanto, parte dos trabalhos dele traziam dados de pacientes.

Após pesquisar os arquivos de laboratório, das universidades em que ele trabalhou e entrevistar coautores dos trabalhos, foi constatado que somente três de 212 artigos dele são verdadeiros. Outros 37 são ambíguos (não dá para saber se são falsos).

Nenhum coautor de Fujii participou das pesquisas. O cientista forjava também pacientes, resultados, administração de medicamentos e parcerias com hospitais.

Como nenhum dos estudos inventados trazia descobertas relevantes, ele conseguiu que suas fraudes passassem despercebidas desde 1993.

Koji Sumikawa, vice-presidente da Sociedade Japonesa de Anestesiologia declarou em um relatório de 29 de junho que as fraudes de Fujii o ajudaram a conseguir empregos na Universidades de Tsukuba e de Toho.

Além disso, o anestesista recebia verbas públicas para seus estudos. Ele também concorreu, sem sucesso, cinco vezes ao prêmio acadêmico da Sociedade Japonesa de Anestesiologia e recebeu auxílio por participar de eventos da sua área.

O orientador de Fujii, Hidenori Toyooka, também está sob suspeita. Mesmo depois de declarar que suspeitava da veracidade de alguns dos artigos de Fujii a uma revista científica, ele não tomou nenhuma providência.

Caso todas as revistas científicas enganadas peçam a retratação dos trabalhos, Fujii será o maior cientista falsário do mundo.

EFEITO CASCATA

Para o biólogo da UnB Marcelo Hermes-Lima, que participa ativamente de debates sobre ética científica, um dos maiores problemas da fraudes na ciência é o efeito cascata dos artigos falsos.

``Os trabalhos são citados e outros pesquisadores começam a usar métodos fraudulentos``. No caso de estudos médicos isso tem sérias implicações para a saúde e a vida de pacientes.``No Brasil, a impunidade reina. Temos a cultura do `coitadinho` em que os pesquisadores, na maioria das vezes, subestimam o erro e inocentam seus pares``, disse Hermes-Lima à Folha.

Fonte: Folha de S.Paulo